Aprendi da maneira mais difícil a criar distância das pessoas com que trabalho.
Ainda hoje não sei como o fazer na totalidade, mas não estaria a ser verdadeira, se dissesse que não aprendi com o passado.
No meu primeiro emprego enquanto intérprete, tive a enorme oportunidade de trabalhar com uma criança surda. Quando me apercebi que tinha de voltar a concorrer no ano seguinte – e que podia não ficar nessa escola novamente – quebrou o meu coração – mas o pior foi quando soube que no ano letivo seguinte, a mesma ia ficar com falta de profissionais indicados tais como: professor de Língua Gestual Portuguesa e intérprete de Língua Gestual Portuguesa, ou seja no ano a seguir não iam disponibilizar estes profissionais na escola.
Então a partir daí comecei a aprender a separar a minha pessoa da minha pessoa profissional, é verdade que CONTINUO A SER UM CORAÇÃO DE MANTEIGA, só não fico de coração partido, nem fico três ou quatro dias de cama debaixo dos meus lençóis.
É importante entendermos que estamos sempre a falar de pessoas, pessoas essas que têm muitas capacidades, só que como acontece com todos nós, se o acesso há informação lhes for negado, não dá para desenvolver essas mesmas capacidades. Hoje em dia, a informação vem de todo o lado, da televisão, vem da escola, dos teatros, dos filmes, de todo o lado… então como é possível que a Língua Gestual Portuguesa ainda não esteja em todo o lado?
Vamos mudar isso, vamos quebrar barreiras?